quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quebra-cabeça

Enquanto a vida se extravia pela janela, espera. Uma hora, os carros param de passar na faixa de pedestres, as andorinhas param de voar em círculos e a gente cresce. Simplesmente cresce. Pela rua, a menina devoradora de pétalas de jardins e tatus bolinhas desaparece. Em câmera lenta seu olhar não se desvanece, um cisco no olho, uma piscada me parece. Psiu, dizem que está apaixonada. Passa pela frente, toca de roda e toca a campainha. -Vermelhos, além dos lábios, estão as maçãs em seu rosto. - Vontade mesmo é de cavar um buraco e se enfiar lá embaixo pra sentir menos vergonha.
Rápido, pela porta, ela deixa um recadinho: "Conheço há pouco e já o quero muito. Você, muita areia, eu, pouco a pouco, serei seu caminhãozinho."
Verso e inverso, duas peças de um quebra-cabeça se encaixam. E fica dito.

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