sábado, 3 de maio de 2014

Seu cachorro!


                                               Hoje compramos meu cachorro,
                                   mas ele não veio embalado numa embalagem bonita
                                 como quando compramos as coisas no supermercado.


Mês de cachorro louco

Nossa,  apertado. Mijei, mijei  sim, feito um animal. Onde eu mijei, ninguém mija mais. Jamais. O bife da vizinha não há cachorro algum que aguente. Esse cheiro eu poderia sugar até entupir o fucinho. Se ela me desse um pedaço eu comeria com tanta vontade que não daria mais uma de cachorro magro. Filé mignon, bife bourguignon e, eu, um simples dogão aqui.  Viro lixos, fedo rua, vou pra Lua e não ligo. Ando aqui, ando ali, sem saber pra onde ir. Começou a chover, tô molhando, tô molhando, a chuva molha o meu pelo suado. E ainda tenho que ouvir sai pra lá cachorro, que fedo cachorro molhado. Vou atravessar a rua, rodas, rodas, rodas no asfalto. Socorro, uma bicicleta, desvia, desvia! Não me matem, não sou de brinquedo. Eu ando, penso, tenho medo.  Uma criança me vê, vem cá cachorrinho, quero você. Eu sou uma fofura. Esses apertos no meu pescoço, uma tortura. Vem cá menino, vem cá menino, passa a mão em mim. Eu te abano o rabo. Posso ser seu amigo, olha pra mim, olha o meu rabo. Tá sorrindo, vê?  Vou te seguir, te seguir, vai, no três. Corra no um, no dois, três!  Vou ganhar, vou ganhar, vou ganhar! Você corre muito devagar... Opa, opa, uma cadela. Vou cheirar o rabo dela. Delícia esse pelo tosado. Hum, você ainda tá no cio? Fala pra sua dona parar de te puxar, vem cá, não, não vai embora! Opa, quantas pernas, cuidado, companheiro, tô aqui, não me chuta. Escutei, vai pra lá, cachorro filho da puta. Vejo mesas, embaixo mais pernas. Alguém me joga um pedaço de sanduíche. Quero outro, ei, joga outro! Olho com cara de cachorro abandonado. Passo a língua sobre os meus dentes. Isso, fica com pena de mim. Joga outro? Tô babando, olha a baba caindo no chão não vê, não? Uma barata, vem cá sua  danada! Ah, vem cá, vem?! Te peguei! Eu desvio e, ai, cuidado, eu  odeio mulheres de salto alto, a vida já é dura com fogos e bombinhas em noites de ano novo! Não me pisa! Puts, que barulho infernal! Parem com isso! Minha orelhas estão aqui, ó. E  essas máquinas de furar asfalto ainda me deixarão surdo! Sinto cheiro de comida alheia, vou abanar o rabo. Venham patas, vamos virar as latas. Hum, que temos pra hoje? Ossos de frango, espinha de peixe assado, alface murcha, iogurte coalhado. Isso se repete nos lixos a cada ano. Não aprendem que não sou vegetariano. Macarrão de geladeira, como comem comida esses humanos, jogam fora de bobeira. Que horror, tão pequeno, tão fedido. Como cheira mal essa fralda de bebê. Falando nisso, que vontade de cagar. Vou fazer aqui. Vamos, lá, limpando o território, sem parar, sem parar...Express. Cachorros fazem cocôs fast food. Quentinho. Esse ficou bonito, hein?! Opa, cuidado amigo. Fodeu.  Que meda, ele pisou. Deu merda.





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